sábado, 20 de novembro de 2010

Gabriel: engajado com a bandeira da igualdade racial


BRUNO BRAZ
Publicada em 20/11/2010 às 06:00
Rio de Janeiro (RJ)

Uma carreira vitoriosa - com passagens por clubes grandes do Brasil e pela Europa - bem sucedido financeiramente e formado no ensino médio. Gabriel, lateral-direito do Grêmio, teria todos os motivos para relaxar e colher os louros do sucesso, assim como muitos jogadores de futebol. Porém, influenciado muito por seu pai Wladimir, ex-jogador do Corinthians que sempre foi muito politizado, ele nunca "olhou para o próprio nariz" e sempre levantou a bandeira da igualdade racial e lutou contra o racismo.

Ciente do papel que um esportista tem perante à sociedade, na condição de formador de opinião, ele explica os motivos pelo qual sempre se preocupou com estas questões.

- O que me motivou desde sempre foi o fato de eu ser um cidadão negro. Sempre procuro advogar em causa disso que eu acredito, que é a minha raça. Pregando sempre pela igualdade - destaca, para depois admitir a influência de seu pai, sempre preocupado com as questões sociais:

- Sem dúvida nenhuma teve uma influência. Eu cresci aprendendo isso. Meu pai sempre se posicionou nas coisas que ele acreditava, e isso despertou esse interesse pelos meus direitos.

Sincero, ele admite que a maioria dos profissionais de sua classe não desempenha a função que deveria exercer em prol dessa igualdade racial.

- Eu acho que falta muito ainda. Como jogador de futebol, somos exemplos para milhões de pessoas, tanto pelo lado bom como pelo lado ruim. Existem várias causas sociais, raciais, mas poderia ser muito mais. Infelizmente a maioria não tem consciência do quanto são visados por todos. É claro que tem uns que fazem sua parte, o que é ótimo, mas ainda é muito pouco.

Na opinião de Gabriel, só há um manifesto quando algo lamentável ocorre:

- Tudo é assim. A maioria espera acontecer um fato isolado para aí começar a se posicionar e a se movimentar, quando deveria ser o contrário, agir para não precisar combater.

Sempre que há um espaço na agenda, o lateral gremista procura se envolver nos projetos voltados para a cultura afro que seu pai executa na secretaria de esportes de São Sebastião (SP). Nas horas vagas, relaxa ao som de músicos - negros ou não - que sempre foram engajados nas causas sociais.

- Gosto de ouvir Milton Nascimento, Gilberto Gil, o próprio Caetano Veloso, que apesar de não ser negro sempre levantou a bandeira da igualdade, a Maria Bethânia... - cita alguns.

Por fim, Gabriel revela seu orgulho pela cultura afro.

- A cultura afro tem tomado um corpo cada vez maior. Espero que assim continue.

Gabriel Rodrigues dos Santos, de 29 anos, começou sua carreira no São Paulo. Depois atuou por Fluminense, Málaga (ESP), Cruzeiro, Fluminense novamente, Panathinaikos (GRE) e Grêmio, onde tem contrato até o fim de 2011.

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